Sempre me perguntei porque todos os caras que considero gênios ( cazuza, Vinícius, Raul, Renato e outros) morreram antes da morte chegar, de orverdose, Aids, ou de qualquer outra coisa que para que acontecessem, era preciso se desafiar todos os paradigmas e imposições sociais. E estive pensando, chegando ainda vagamente a conclusão de que talvez, para que se torne crítico e transformador, seja preciso se livrar de tais paradigmas, para aprender e pensar em outras possibidades que viriam a somar, mesmo que as alternativas buscadas para isso não sejam as melhores. Todos esses caras se comportaram como hereges do Séx.XX. Desafiavam o que muitos achavam correto e fumavam porque diziam para não fumar, faziam o que faziam porque diziam para não fazer, talvez na tentativa de se libertar das correntes do conformismo e da ignorância, que são cômodas e tranquilas, em antagonização a acidez da autencidade e da busca pela liberdade. Para todo fim dessa conduta contraditória, se tem um preço, talvez para alguns, a morte, o sofrimento. Para mim, a liberdade de fato.
Ainda é cedo amor.
Mal começaste a conhecer a vida.
Já anuncias a hora da partida.
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar.
Presta atenção querida, embora eu saiba que estás resolvida.
Em cada esquina cai um pouco a tua vida.
Em pouco tempo não serás mais o que és.
Ouça-me bem amor.
Preste atenção, o mundo é um moinho.
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos.
Vai reduzir as ilusões a pó.
Preste atenção querida.
Em cada amor tu herdarás só o cinismo.
Quando notares estás à beira do abismo.
Abismo que cavastes com teus pés.
(Cartola)
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